terça-feira, 19 de abril de 2011

Uma questão de ordem.

O juiz, empossado na magistratura na década passada, antes havia estagiado e trabalhado no escritório da advogada de uma das partes litigantes.

De origem humilde, conseguira a vaga de estágio em virtude de indicação pessoal - alguém pedira para ajudarem o rapaz. Formou-se e  seguiu advogando, aprendendo grande parte dos seus inegáveis conhecimentos, que o fizeram tornar-se uma referência jovem na Advocacia gaúcha.

Muitos meses após, ele fez concurso para a magistratura e foi aprovado - tinha uma boa base.

Pouco tempo depois de o novel juiz assumir, uma das advogadas do escritório onde ele estagiara e trabalhara - justamente a pessoa que o havia motivado muito para ir atrás dos seus projetos - foi a uma audiência e constatou, com alegria,  que o magistrado que presidia a solenidade era o seu querido ex-estagiário e ex-colega.

Faceira, a advogada sentou-se à mesa.

- Saúdo Vossa Excelência, pois alegro-me muito por este momento e aproveito para desejar que o ex-colega seja muito feliz na nova caminhada, neste outro lado do balcão! - disse ela, num misto de protocolo e informalidade

O recém iniciado juiz, todo sisudo, agradeceu secamente. Mas a sisudez não parou por aí.

Quando a advogada, depois, fez um requerimento de realização de perícia contábil - o magistrado surpreendeu os presentes na sala.

- Doutora, uma questão de ordem: queira, antes de falar, tirar o seu ´chicletinho´.

É que a advogada tinha o hábito de guardar, no canto da boca, uma goma de mascar muito pequena, quase imperceptível, que sequer dava para mastigar. Na real, o chiclete era tão pequeno que só quem a conhecia bem sabia que o quase imperceptível tremelico do maxilar era uma goma sendo amassada entre os dentes. Talvez uma válvula de escape contra os estresses da Advocacia, dos embates forenses, dos honorários sucumbenciais irrisórios etc.

As pessoas que estavam na sala ficam perplexas com a juizite.

Fonte: Espaço Vital

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