segunda-feira, 2 de maio de 2011

Fabricante do Botox pagará indenização de US$ 212 milhões por danos a um paciente.



Um júri civil da Justiça do Estado da Virginia (EUA) condenou na sexta-feira (29) a Allergan Inc - fabricante americana do Botox - a pagar US$ 212 milhões a um homem que sustentou que "as injeções de Botox lhe causaram danos cerebrais".

A sentença proferida acolheu a manifestação dos jurados que concluiram pela recompensa de Douglas Ray Jr., 67 de idade, em US$ 12 milhões por reparação compensatória pelo dano moral e mais US$ 200 milhões pelos danos pessoais. Segundo a ação judicial, Ray passou mal após receber injeções de Botox para atenuar um tremor nas mãos.

Durante a tramiração processual, a Allergan sempre sustentou que "não há nenhuma evidência de que a empresa falhou em fornecer informações adequadas sobre os potenciais riscos da droga".

Em contraponto, na sexta-feira, a empresa também disse que "não há provas de que o Botox causou os sintomas" e que "está avaliando as bases para um recurso".

A Allergan concordou no ano passado a assumir a culpa e pagar, em acordo, aproximadamente US$ 350 milhões (cerca de R$ 600 milhões) por promover o uso de seu célebre tratamento contra rugas para outros casos não autorizados.

O que é a toxina botulínica
Da redação do Espaço Vital
(Com informações da Anvisa e da fabricante).

A toxina botulínica é um complexo protéico purificado, de origem biológica, obtido a partir da bactéria clostridium botulinum.

Esta, em condições apropriadas à sua reprodução (10° C, sem oxigênio e certo nível de acidez), cresce e produz sete sorotipos diferentes de toxina. Dentre esses, o sorotipo A é o reconhecido cientificamente como o mais potente e o que proporciona maior duração de efeito terapêutico.

Para fins médicos, é utilizada uma forma injetável da toxina botulínica purificada. Quando aplicada em pequenas doses, ela bloqueia a liberação de acetilcolina (neurotransmissor responsável por levar as mensagens elétricas do cérebro aos músculos) e, como resultado, o músculo não recebe a mensagem para contrair.

Desta forma, a toxina botulínica interfere seletivamente na capacidade de contração da musculatura e, por isso, as linhas de expressão são suavizadas. Em muitos casos, uma semana após a aplicação elas ficam praticamente invisíveis e os efeitos duram de quatro a seis meses. Após este período, ela pode ser aplicada novamente.

A toxina botulímica é também utilizada para tratamento em crianças com problemas musculares. Esta toxina permite, que depois de aplicada na zona em causa (ex: pernas), a criança tenha mais flexibilidade muscular.

No Brasil, dentre as indicações da toxina botulínica tipo A, aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estão o estrabismo, o blefaroespasmo, o espasmo hemifacial, as distonias e a espasticidade.

Além das indicações terapêuticas, o medicamento é amplamente conhecido no tratamento de linhas
faciais hipercinéticas e para o tratamento da hiperhidrose palmar e axilar.

A toxina botulínica é um veneno natural 40 milhões de vezes mais poderoso que o cianureto. A dosagem aplicada para fins terapêuticos e estéticos é muito pequena e incapaz de desencadear as reações do envenenamento alimentar do botulismo.

Contudo, a agência Food and Drug Administration - FDA emitiu um alerta para o uso do medicamento após a ocorrência alguns casos de efeitos colaterais severos registrados em pacientes após o uso do fármaco.

Como surgiu o Botox

No final da década de 60, o oftalmologista americano Alan B. Scott, que buscava alternativas para o tratamento não cirúrgico do estrabismo, obteve do Dr. Edward J. Schantz, amostras da toxina botulínica tipo A para testá-la em músculos extra-oculares de macacos. A experiência foi bem sucedida e Scott publicou seu primeiro trabalho sobre o assunto em 1973, confirmando a toxina botulínica tipo A como uma alternativa eficaz para o tratamento não cirúrgico do estrabismo.

Ainda na década de 70, Scott recebeu autorização da Food and Drug Administration - FDA, órgão que regula o setor de medicamentos dos Estados Unidos para utilizar a toxina em seres humanos, conduzindo estudos durante os anos de 1977 e 1978. Ele descobriu que o produto, quando injetado, relaxava os músculos. Deduziu então que uma aplicação local – em determinados músculos –
interrompia momentaneamente o movimento muscular anormal e, dessa forma, corrigia o problema.

E foi a partir do uso terapêutico, que surgiu o uso cosmético. Quando o casal canadense Jean e Alastair Carruthers, oftalmologista e dermatologista respectivamente, observou a melhora das rugas em pacientes tratados para indicações terapêuticas, como blefaroespamo, iniciaram os primeiros estudos na área. Deste então, o uso cosmético da toxina botulínica tipo A evoluiu e se expandiu em todo mundo.


Fonte: Espaço Vital

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